sábado, 24 de maio de 2008

Juvenal,um brasileiro




Se alguém quiser entender o verdadeiro sentido da palavra populista, basta ligar a TV Globo naquela novela das 8 que começa às 9. Populista é o jeito que as pessoas com ódio do populacho encontraram para se referir a alguém que é popular, que – horror! – fala a língua e conhece a alma do povo. Eis que pontifica por lá, no horário paradoxalmente nobre, o extrovertido Juvenal Antena. Ele é o líder da Portelinha – uma favela plana que tem muito mais cara de subúrbio. Juvenal é o populista clássico, já que é extremamente popular. Leva a vida com a intensidade do linguajar trôpego e das emoções sinceras. Tem uma filha moreninha e namoradas sapecas. É roliço, falastrão, torrado de sol – um cativante personagem dos trópicos.

É como se Lula e Antonio Carlos Magalhães tivessem tido um filho juntos, como se Zeca Pagodinho se encontrasse com Macunaíma não no bar, mas numa sessão do Senado em que estivesse presente o impoluto Agripino Maia, o apologista dos torturadores.

Juvenal preside um confessionário para a massa, uma espécie de Casas Bahia do sentimento, com farto crediário e intrínseca credibilidade. Dirime pendengas, fornece benesses, administra justiça – a seu jeito, bem entendido. Assiste os pobres, paterno e paternalista. É um coronel do asfalto, mestre naquela política que dá pão e samba e cobra o beija-mão. Está em campanha, acuado por um adversário new face. Vai perder – está escrito. Mas também dá para adivinhar que Aguinaldo Silva vai deixar no ar aquela suspeita de que plus ça chance, plus c’est la même chose.


Fonte: Carta capital
Posted on by Residência do Estudante de Guanambi | No comments

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