sábado, 24 de maio de 2008

O preço que se paga por falar a verdade


Há muito tempo que eu suspeito dessa idéia de que vivemos numa democracia, num país livre e que temos liberdade de expressão. Aliás, quanto mais desigual uma sociedade, mais os detentores do poder falam em democracia. Quanto mais neoliberal a economia de uma nação, mais se fala em liberdade.

A democracia brasileira exclui mais de 35 milhões de pessoas. Só para se ter uma idéia, esse número equivale a população da Argentina. Exclui porque a suposta democracia nacional impede essas pessoas de terem acesso aos direitos mais básicos, como: saúde, educação, habitação, segurança pública e liberdade de opinião. Assim sendo, falar em democracia no Brasil é, no mínimo, contraditório.

Pois bem. Vamos ao que interessa.

Guanambi, 21 de maio de 2008 – Nesse dia, em “nossa querida” cidade, aparece no site www.faroldacidade.com.br a seguinte notícia: “MST invade terras do ‘Projeto Estreito’ em Sebastião Laranjeiras”. Como simpatizante da causa dos TRABALHADORES SEM TERRA, não pensei duas vezes em ler a matéria. Veja http://www.faroldacidade.com.br/?lk=faWepZXh06QQU&id=10079&ct=1.

Ao terminar de ler o texto, me deparo com o seguinte comentário: “É mais um absurdo desse abominável grupo de irresponsáveis denominado"Sem terra" que nem existe juridicamente,para fugirem de processos na justiça.E o que é pior vivem ás custas do dinheiro público,dos nossas suadas contribuições impostas pelo governo em forma de impostos.Com um agravante, é apoiado pelo PT e pelo presidente LULLA. Chumbo grosso neles!!!!!!!”, assinado por um sujeito denominado Paulo Carvalho Morais. Logo enviei um comentário em que questionei o termo “invade” usado pelo site e fiz um contraponto às palavras do SR. Morais. Recebi como resposta do administrador do site, o seguinte:

“Ao invés de questionar o termo mais apropriado da manchete do site para a referida matéria, gostaria que o caro internauta tentasse explicar as razões para a "invasão ou ocupação" da referida área”. Então percebi que havia mexido num vespeiro, mas tive que responder: “Em primeiro lugar, o papel de esclarecer as razões para a ocupação cabe a mídia e não a mim, mero leitor. Creio ser preciso antes de publicar um texto jornalístico checar as informações de antemão e ouvir as duas partes, o que não foi feito”. Lascou...

A ira dos doutos – Lembra daquele papinho que ouvíamos sobre liberdade de expressão? Jogue fora. Primeiro, porque para se falar a verdade é preciso pagar um preço: a exclusão. Segundo, ninguém quer ser excluído, sendo assim, é melhor ficar calado. Até porque, em boca fechada não entra mosquito nem besouro sem asas. A resposta que me deram nessa minha segunda intervenção foi forte. Cheguei a conclusão de que estavam me cozinhando a “banho-maria”. Veja a resposta:


"Caro Wanderson da REG: Você entra em contradição quando diz que não é seu papel esclarecer as razões da ocupação (invasão), mas logo em seguida faz uma defesa velada do movimento. Afinal qual é a sua? Quanto ao seu comentário maldoso sobre o farol da cidade e ao nosso trabalho reitero que o valor da nota a qual você se refere foi o mesmo que eu sempre cobrei por mais de 20 anos para defender a Residência dos Estudantes de Guanambi em Salvador. Acho que você não era nem nascido. Criticar uma matéria considero natural, porem não sabia que era proibido divulgar um release de orgão público sem nada cobrar por isso. Continue estudando”. Percebi que o “jornalista” havia lido algo mais do que meus simples comentários. Ele havia lido isso: http://blogdareg.blogspot.com/2008/05/o-farol-da-campanha-ou-o-jornalismo-de.html.

A polêmica está à solta. Espero que possamos refletir sobre o que significa liberdade de opinião. A alusão à Residência do Estudante de Guanambi (REG) foi golpe baixo, nítida tentativa de coação. Revela o jogo sujo do poder em nossa sociedade: a tática perversa do “uma mão lava a outra”. Quem não se sujeita a essa prática é perseguido. Minha convicção de que a verdade não foi mesmo feita para ser dita se reforçou. Declaro aqui a instauração do “observatório da imprensa” regional. Fernando Alves “Repórter”: continue estudando também!





Wanderson Pimenta (morador da REG)

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