terça-feira, 18 de agosto de 2009

Striptease midiático


Por Eduardo Guimarães.

Confesso a vocês que, em meio século de vida, nunca vi coisa igual à guerra das tevês que ora beneficia o país. E sei que não faltarão os que dirão “feio” o barraco midiático estabelecido entre Globo e Record a partir da última terça-feira, mas, para este blogueiro, nunca se viu coisa mais útil na tevê.
Nesta quinta-feira à noite, o novo round veio de forma mais elaborada, lenta, revestido de alguma coisa que me fez lembrar de sensualidade, provavelmente pelo cair das vestes que se viu não apenas das duas emissoras, mas de todos os impérios de mídia do país.
Era como se Globo e Record, através dos minutos incontáveis de suas matérias de ataque uma à outra, fossem deixando, lânguidas, que os véus translúcidos que resguardam suas vergonhas caíssem um a um.
As duas emissoras começaram a se atacar exatamente ao mesmo tempo – tão logo terminou o horário eleitoral do PTC. A Record manteve os ataques por mais tempo do que a Globo.
Ambas arrastaram seu bate-boca ao Congresso nacional, mostrando que a briga realmente é de cachorro grande e de como foi na política que esses impérios de comunicação nasceram, cresceram e como chafurdam nela até hoje, mais do que nunca.
A Globo escalou seu time de parlamentares oposicionistas de sempre (Arthur Virgílio, Rodrigo Maia etc.) e o indefectível petista Eduardo Matarazzo Suplicy. Defenderam investigações logo depois do acordão que fizeram para pôr fim a elas no Senado, a Casa do Telhado de Vidro.
A Record respondeu com outro time de parlamentares maior e bem mais agressivo do que os que se apresentaram no Jornal Nacional para pedir “apuração” das denúncias contra a Igreja Universal. Os parlamentares da emissora de Edir Macedo citaram a Globo nominalmente sem parar, falando sobre os malefícios do monopólio da emissora carioca.
De resto, a Globo requentou informações de terça-feira sobre a denúncia do Ministério Público de São Paulo contra a Universal e a Record promoveu uma lacrimejante defesa do “dízimo” através de fiéis que teriam enriquecido valendo-se daquela prática cristã (dízimo), a qual a Record também lembrou ser comum em outras igrejas, como a católica.
No fim das contas, a nudez midiática revelou o que jamais os impérios de comunicação exibiram sobre si e revelou o quanto tinham a esconder. Acredito que o que mais chamou a atenção naquela nudez indecente foi o envolvimento da televisão com políticos, a mesma televisão que boa parte do público sempre acreditou apolítica.
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