quinta-feira, 27 de maio de 2010

Estudo: conflito entre Ocidente e árabes reside na ignorância


O conflito entre os países ocidentais e os árabes reside na ignorância que cada região tem sobre a outra, concluiu um estudo divulgado nesta quinta no Rio de Janeiro, na véspera do III Fórum da Aliança das Civilizações.

O documento, elaborado pela Fundação Anna Lindh, evidenciou que o conhecimento das duas regiões uma da outra é pouco e assimétrico, o que se transformou "no principal argumento dos que atiçaram o ódio" em conflitos como os da Palestina, Iraque e Afeganistão.

"Se ocorre um choque não será de culturas, mas de ignorâncias. Se temos problemas é porque há desconhecimento", sustentou o presidente da Fundação Annna Lindh, André Azoulay, na conferência na qual se mostraram as conclusões preliminares do estudo, que será apresentado oficialmente em setembro.

Azoulay, que é um dos co-fundadores da Aliança das Civilizações e conselheiro do Governo do Marrocos, ressaltou que o desconhecimento cultural serviu de base para a "instrumentalização" das religiões, para transformá-las em um "elemento de ruptura" entre os povos.

O relatório, que se baseia em entrevistas com 13 mil famílias em países europeus e da região árabe, revelou que o desconhecimento e desinteresse do norte rumo ao sul é arrasador e, no sentido oposto, também se aplicam clichês.

"Em enquetes com ocidentais, a maioria disse que não admirava nada dos árabes ou respondeu que não sabia. Por outro lado, quase todos os muçulmanos deram respostas sobre o Ocidente", explicou a analista Dalia Moogahed, do centro Gallup para estudos muçulmanos.

Apesar de seu maior conhecimento, os árabes também têm ideias equivocadas sobre seus vizinhos. Por exemplo, acham que os europeus consideram a individualidade como o valor mais importante, enquanto na realidade, os habitantes desses países disseram que o valor que buscam incutir em seus filhos é a solidariedade familiar.

Moogahed detalhou alguns resultados considerados surpreendentes do estudo, como que os dois povos associam o Mediterrâneo a ideia de "hospitalidade" em lugar de "conflito".

No entanto, admitiu que é preciso mais trabalho para analisar estes resultados, já que "muitos europeus não incluem em sua ideia mental da região mediterrânea os países do sul".

As duas regiões, em sua maioria, também acham que a origem dos problemas entre ocidentais e árabes é política e, portanto, evitável.

A Anna Lindh foi fundada em 2005 com o apoio de 43 países das regiões mediterrâneas e europeia e seu objetivo é melhorar o conhecimento e o respeito entre as diferentes culturas da área.

O III Fórum da Aliança das Civilizações, que será realizado amanhã e no sábado no Rio de Janeiro, foi precedido hoje por várias sessões de debates.

Na inauguração oficial estarão amanhã o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outras autoridades.

O presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, que em 2004 propôs o diálogo da Aliança das Civilizações, com o apoio da Turquia, tinha previsto chegar hoje ao Rio de Janeiro para participar do Fórum, mas teve que suspender sua viagem na última hora para seguir de perto as medidas contra a crise econômica na Espanha.

Fonte: EFE - Agência EFE

Postado por Sidnalva Flores

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