quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Lula diz que Estado com carga tributária baixa ‘não é Estado’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (18) que uma carga tributária elevada é necessária para o desenvolvimento social de um país. Durante o seminário Novas Diretrizes para o Sistema Contábil Brasileiro, realizado em Brasília, Lula afirmou que todas as nações com política social consistente têm impostos elevados.
“Todos os países que têm forte política social, em que os trabalhadores têm todos os dentes na boca, em todos esses países, a carga tributária é elevada, mais do que a nossa. E em todos os países pobres do mundo, a carga tributária é muito baixa. Tem Estado de carga de 8%, de 9%, de 11%”, disse. Para o presidente, impostos elevados são necessários para manter um Estado forte. “Um Estado que tem carga tributária de 9% não é Estado”, afirmou.
Lula também criticou a demora na aprovação da reforma tributária, em tramitação no Congresso Nacional. Ele lembrou que o governo, em um trabalho conjunto com empresários e economistas, enviou uma proposta de reforma, mas ela não foi votada. Segundo o presidente, a votação do projeto não foi concluída porque nenhum setor da sociedade quer abrir mão de “um centavo sequer” do que já arrecada.
“Deve ter algum inimigo oculto que, embora concorde de fora que é preciso reforma tributária, por dentro trabalha para ela não sair”, disse. “Cada empresário, senador e deputado têm uma reforma, mas ela não andou, porque ninguém quer perder absolutamente nada. Ninguém abre mão de um centavo que já tem”, criticou.
Durante o evento, Lula fez elogios ao vice-presidente, José Alencar. “Eu não acredito que ninguém na história tenha tido um vice da qualidade do que o que eu tenho. Eu poderia deixar um talão de cheque em branco e viajar pelo tempo que eu quisesse e tenho certeza que não apareceria ninguém para dizer que ele preencheu o cheque sem falar comigo”, disse.
O presidente afirmou ainda que vai deixar a o Palácio do Planalto “mais feliz” do que quando assumiu o governo. “Vamos sair da Presidência do Brasil nos próximos meses e vamos deixar a rampa mais tranquilos e alegres do que quando subimos, com a consciência tranquila. Mas sabendo que há muito o que fazer ainda.”
Segundo Lula, “os séculos de descaso” sofridos pelo Brasil não se consertam em dois mandatos. “É preciso algumas décadas para consertar e nivelar o Brasil, para que ele seja mais igual”, disse.

0 comentários: