sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O QUE VOU SER QUANDO CRESCER?

Astronauta, goleiro do corinthians, oceanógrafo...quem sabe?

Aos 8 anos de idade essa já era uma questão praticamente resolvida para mim. Bastava decidir entre ser astronauta ou goleiro do corinthians. (Confio convencer o técnico do timão ou os cientistas da NASA a me contratarem eram apenas alguns detalhes que seriam resolvidos depois). Tudo mudou na primeira vez que entrei no mar com uma máscara de mergulho. Ali mesmo,na praia, perguntei ao tio Carlos qual era a faculdade que se fazia para virar mergulhador. Dali em diante, quando me perguntavam ''o que você vai ser quando crescer'', dizia: ''oceanógrafo''! Os adultos me olhavam admirados, crentes de estar diante de um pirralho com verdadeiras ambições científicas, embora meu único desejo fosse ficar boiando e vendo anêmonas, peixes coloridos, polvos, arraias, corais. Só lá pelos 14, depois de compreender as minhas limitações futebolísticas, as dificuldades junto à NASA e descobrir que um oceanógrafo passava mais tempo estudando biologia do que boiando no mar, percebi do realmente gostava: escrever. Foi quase sem querer. O Maluf então prefeito de São Paulo, tinha resolvido ampliar uma avenida e, para isso, demolir a casa em que eu tinha passado a infância, revoltado escrevi um texto, lembrando das brincadeiras na rua e lamentando a demolição. Mostrei-o para minha mãe e minha irmã e fui tomar banho. Quando sai, encontrei as duas chorando, emocionadas. Fiquei absolutamente entusiasmado: era possível, simplesmente rabiscando algumas palavras num papel, fazer com as pessoas chorassem?! Ficasem com medo?! Era isso que eu queria fazer! felizmente,já passados 11 anos desde a choradeira familiar, é o que eu continuo fazendo (claro nada impede que aos 30 eu tenha uma crise existencial e descubra que estive equivocado e o que realmente me dá prazer é ser analista de sistemas ou alimentar os pinguins do jardim zoológico, sei lá-para quem passou de goleiro-a-astronauta-a-oceanógrafo-a-escritor, não será nenhuma novidade).
Isso tudo pra dizer que a nossa profissão, a atividade na qual teremos mais prazer produzindo alguma coisa, não é algo que a gente invente mas, que descobre. E,como muitas descobertas, ocorre mais ou menos por acaso e leva tempo: a gente entra numa faculdade, arruma um estágio, abandona a faculdade, sai do estágio, tenta outro curso, resolve pintar umas camisetas e vender por aí, desiste das camisetas, descobre que matérias da faculdade são mais interessantes, até que uma hora a gente se encontra: seja alimentando pinguins, estudando astronomia, rabiscando sobre uma prancheta, fazendo textos, comida chinesa, administração de empresas ou ginástica olímpica.
O caminho é cheio de tropeços, mas quem sabe não é num deles, com a cara no chão, você descobre que sua grande vocação é fabricar tapetes.

''OS IDEAIS SÃO COMO AS ESTRELAS:ESTÃO FORA DO ALCANCE''.

Gilmário
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