domingo, 21 de outubro de 2012

Ensino médio reprovado


O Censo Escolar de 2011 revelou um dado preocupante. A taxa de reprovação no ensino médio brasileiro atingiu 13,1%, maior número desde 1999. A constatação levanta uma importante questão: o país está regredindo na educação dos jovens? Os alunos do ensino médio aprendem menos hoje e, por isso, são mais retidos? Segundo diversos especialistas, não é esse o caso. A reprovação é resultado de uma conjunção de fatores nem sempre negativa - embora longe de ser positiva.

Tais Tavares, professora do Núcleo de Políticas Educacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) ressalta que, se compararmos os índices da década de 1980 aos atuais, os anteriores são bem menores, mas isso não reflete uma melhor qualidade de ensino: a evasão era bem maior do que a repetência, relação que se inverteu hoje. "A evasão vai caindo, mas a reprovação está aumentando, o que significa que o sistema está retendo as pessoas por mais tempo", afirma. Ou seja, o país tem avançado em sua meta de universalizar o ensino e manter os jovens por mais tempo na escola. O problema é que, ainda que permaneçam mais anos na escola, nem sempre conseguem progredir nos estudos.

Outra questão a ser considerada é que as estatísticas brasileiras ficaram mais confiáveis nos últimos anos. Os números atuais são mais precisos, o que dificulta comparações. É o que defende Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. "Acredito que o índice de reprovação mais alto é fruto de uma maior precisão estatística. Os instrumentos estão melhorando e geram resultados mais confiáveis", diz. Ele aponta, ainda, que esses índices devem piorar nos próximos anos, até que a precisão das pesquisas aumente e que os cadastros com informações e dados sejam preenchidos corretamente pelas redes, o que ainda não acontece hoje. Não significa que a qualidade da educação esteja boa, apenas que não está piorando.

Outro fator importante é que as políticas voltadas para o ensino médio são recentes no Brasil, já que essa etapa só entrou na agenda pública federal na segunda metade da década de 1990 com a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), além da Emenda Constitucional 59, que torna obrigatória a educação dos 4 aos 17 anos a partir de 2016. Quem defende isso é Jaqueline Moll, diretora de Currículos e Educação Integral do Ministério da Educação (MEC). "Os dados demonstram esses processos. Ao observar a taxa de rendimento escolar nos últimos dez anos, vemos que, na medida em que o ensino fundamental se tornou prioridade, as taxas de evasão e reprovação foram declinando. Acredito que acontecerá o mesmo com o ensino médio."

Fonte: Revista Escola Pública

Postado por: Rosana Cunha



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