segunda-feira, 13 de julho de 2009

Um pouco da cultura guanambiense


POR ARI DONATO

No início dos anos 1960, Guanambi estava com pouco mais de 40 anos de independência política e econômica, assegurada pela emancipação.

Na verdade, a independência era meramente administrativa, pois, politicamente, o município continuava atrelado à Constituição estadual, em razão de não dispor de instrumentos específicos, como os atuais estatutos e legislações municipalistas. Economicamente, a situação era pior. Mais grave do que no momento atual, em que ainda persiste a dependência de fundos, de verbas e de repasses para a administração pública.

Ao largo de tudo isso, a população acompanhava o desenvolvimento brasileiro, vindo com o crescimento industrial e tecnológico despontado no Sul do País. As rádios, especificamente de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais; as revistas, principalmente O Cruzeiro; e, em pequena escala, os jornais, como A Tarde, alimentavam de notícias a juventude e parte da população alfabetizada. A televisão chegou a Guanambi em 1975.

Por falta de informação política ou econômica mais crítica, em razão do momento histórico vivido pelo País, a moda, o cinema e a música despontavam com mais freqüência nas conversas diárias. Nos encontros das tardes de domingo, no Guanambi Social Clube (carinhosamente chamado de Clube de Baixo, por estar na parte baixa da cidade) ou na Associação Guanambiense de Cultura e Assistência Social, já extintos, a juventude dos anos 60 e 70 dançava e cantava ao som dos conjuntos Statelys Boys e NPR-5, ambos de Guanambi.

Beber ou comer no final da noite ou na madrugada, era na Sorveteria Drink, na Sorveteria Xuá ou no Restaurante Meu Ranchinho. Os shows musicais, de artistas de fora, eram no Cine Teatro Sorbone, com 800 poltronas e um palco espaçoso e bem instalado. Foi entre o rinque dos dois clubes, as cadeiras das lanchonetes e as ruas centrais da cidade que a juventude guanambiense encontrou-se com o rock, com a Jovem Guarda e, depois, com a Tropicália.

O samba, o samba-canção, o bolero, a guarânia e a moda sertaneja foram substituídos pelas canções à base de guitarras, baixos e órgãos elétricos. Os bailes de formatura, as festas de fim de ano, as noites-dançantes e os programas de calouros passaram a ser animados por conjuntos musicais de cabeludos, que substituíram os grupos de seresta, as bandas. Antes do final dos anos 70, acabaram os bailes carnavalescos.

Com o fim desses bailes veio também a extinção das pequenas bandas de fanfarra que haviam na cidade. Saíram de cena, na época, mestres como Flávio Avelar David, de formação erudita, Renato e seu filho Paulo, de formação jazzística, e Nondas, de formação popular. Foram perdas não preenchidas, embora a cidade tenha ganho outros expoentes. Mas, seguramente, sem o conhecimento musical dos músicos formados nos dois clubes.

O movimento da Jovem Guarda encontrou essa juventude sem rumo, sem formação política e cultural capaz de promover uma filtragem musical, daí todos se lançarem de corpo e alma, Justificarmandando "... tudo mais pro inferno...". Nesse tempo, nas manhãs, tardes e noites de Guanambi, ouviam-se em todos os lugares canções de Roberto, de Erasmo, The Beatles, Os Incríveis, Renato e seus Blue Caps, Paulo Sérgio, Jerry Adriani, Wanderléa, Eduardo Araújo, The Jordans, Elvis Presley e Gianni Morandi (trazidas pelos filmes), The Animals, Creedence e Rolling Stones |

retirado de: http://aridon.sites.uol.com.br/gbi_cultura.html

Postado por: Comissão de Cultura - REG

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