quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tudo que é urânio se desmancha no ar

A pequena Guanambi, cerca de 800 km de Salvador, interior da Bahia, é desde domingo, 15.05, cenário de uma confusão de tons radioativos. Há três dias, 9 caminhões recheados de urânio aguardam destinação no pátio do 17º batalhão do município. Medição independente de radiação no local revela níveis elevados. Na mão dos órgãos responsáveis, o mesmo cálculo vira motivo de piada.

De um lado, a população da vizinha Caetité, famosa por ser a única cidade do Brasil a abrigar uma mina de extração de urânio, que mobilizada evitou a entrada do comboio vindo de uma área da marinha em Iperó, São Paulo e é contra a permanência material. De outro, os órgãos ditos responsáveis pelo programa nuclear brasileiro, que garantem que a carga, concentrado de urânio vindo para ser embalado em Caetité, é segura.

Para comprovar esta tese, técnico da Comissão Nuclear Nacional (CNEN) mediu os níveis de radiação próximo ao caminhão e garantiu não haver risco algum. Edenil Melo, funcionário responsável pelo transporte de carga da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) foi além: afirmou que se na boleia do caminhão tivesse ar-condicionado, dormiria tranquilo junto ao carregamento.

Gilmar Ferreira dos Santos tem uma história diferente para contar. Representante da Comissão Pastoral da Terra (CTP), ele acompanha há anos os desmandos da política nuclear em Caitité, onde a mineração rima com contaminação das águas e solo, doenças e muito descaso. Munido do mesmo aparelho de medição, Gilmar aponta para o carregamento e garante: “O nível de radiação está mais alto do que qualquer medição feita nas proximidades da mina de urânio”.


Fonte: Greenpeace
Posted on by Residência do Estudante de Guanambi | No comments

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