quinta-feira, 31 de julho de 2008

Homenagem a Manuel Marulanda


Pedro Antonio Marín Marín, mais conhecido como Manuel Marulanda Vélez e "Tirofijo", era o líder máximo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Foi, sem dúvida alguma, o maior camponês revolucionário da história do continente americano. Durante sessenta anos organizou movimentos camponeses e comunidades rurais e, quando todas as vias democráticas legais se lhe fecharam de forma brutal, criou o exército guerrilheiro mais poderoso da América Latina e as milícias clandestinas que o sustentavam. Em sua época de maior apogeu, entre 1999 e 2005, as FARC contavam com quase 20 mil combatentes, várias centenas de milhares de camponeses activistas e centenas de unidades de milícias comunais e urbanas.

Inclusive hoje, apesar do deslocamento forçado de três milhões de camponeses como resultado das políticas de terra arrasada e os massacres do governo, as FARC têm entre 10 a 15 mil guerrilheiros em suas numerosas frentes, distribuídas por todo o país.

O que faz tão importantes as conquistas de Marulanda são suas habilidades organizativas, sua agudeza estratégica e suas intransigentes posições programáticas, baseadas no apoio às exigências populares. Mais que qualquer outro líder guerrilheiro, Marulanda tinha uma compenetração sem par com os pobres das zonas campesinas, os sem-terra, os cultivadores pobres e os refugiados rurais durante três gerações.

Após começar, em 1964, com dúzias de camponeses que haviam fugido de povoados devastados por uma ofensiva militar dirigida pelos EUA, Marulanda construiu metodicamente um exército guerrilheiro revolucionário sem contribuições económicas ou materiais estrangeiras. Mais que qualquer outro líder guerrilheiro, Marulanda foi um grande mestre político rural. Os extraordinários dotes organizativos de Marulanda se foram refinando através de sua íntima vinculação com o campesinato. Como havia crescido numa família de camponeses pobres, viveu entre eles cultivando e organizando-os: falava sua mesma linguagem, se ocupava de suas necessidades diárias mais básicas e de suas esperanças de futuro. De maneira conceptual, porém também através da experiência quotidiana, Marulanda realizou uma série de operações políticas e militares estratégicas baseadas em seu brilhante conhecimento do terreno geográfico e humano.

Desde 1964 até sua morte, Marulanda derrotou ou escapou de, ao menos, sete importantes ofensivas militares financiadas com mais de sete mil milhões de dólares de ajuda militar americana, que incluía milhares de "boinas verdes", corpos especiais, mercenários, mais de 250 mil militares colombianos e 35 mil paramilitares integrados em esquadrões da morte.

Diferentemente de Cuba ou Nicarágua, Marulanda construiu uma base de massa organizada e treinou uma direcção, em grande parte, rural; declarou abertamente seu programa socialista e nunca recebeu apoio político ou material dos denominados "capitalistas progressistas". Ao contrário dos corruptos e ambiciosos gangsters de Batista e Somoza, que saqueavam e se retiravam sob pressão, o exército da Colômbia era um formidável aparelho repressor, altamente treinado e disciplinado, reforçado, ademais, por homicidas esquadrões da morte.

Ao contrário de outros famosos guerrilheiros "de posters", Marulanda foi um autêntico desconhecido entre os elegantes editores esquerdistas de Londres, os nostálgicos sessenta-e-oitistas parisienses e os socialistas eruditos de Nova York. Marulanda passou seu tempo exclusivamente na "Colômbia profunda"; preferia conversar e ensinar aos camponeses e inteirar-se de suas queixas a conceder entrevistas a jornalistas ocidentais ávidos de aventura. Ao invés de escrever manifestos grandiloquentes e adoptar poses fotogénicas, preferia a pedagogia popular dos deserdados, estável e pouco romântica, porém sumamente eficaz.

Marulanda viajou desde vales e cordilheiras praticamente inacessíveis a selvas a planícies, sempre a organizar, lutar, recrutar e treinar novos líderes. Evitou apresentar-se nos "fóruns de debate do mundo" ou seguir a rota dos turistas esquerdistas internacionais. Nunca visitou uma capital estrangeira e contam que jamais pôs os pés em Bogotá, a capital da nação. Porém, tinha um amplo e profundo conhecimento das exigências dos afro-colombianos da costa; dos indo-colombianos das montanhas e da selva; da fome de terra de milhões de camponeses deslocados; dos nomes e endereços dos latifundiários que brutalizavam e violavam os camponeses e seus familiares.

Durante as décadas dos 60, 70 e 80, numerosos movimentos guerrilheiros se levantaram em armas, lutaram com maior ou menor capacidade e logo desapareceram assassinados, derrotados (alguns, inclusive, se converteram em colaboradores) ou se integraram nas partilhas e re-partilhas eleitorais. Pouco numerosos, lutavam em nome de inexistentes "exércitos populares"; a maioria era de intelectuais, mais familiarizados com os discursos europeus que com a micro história, a cultura popular e as lendas dos povos aos quais tratavam de organizar. Foram isolados, cercados e arrasados; deixaram, talvez, uma herança bem divulgada de sacrifício exemplar, porém não mudaram nada sobre o terreno.

Pelo contrário, Marulanda encaixou os melhores golpes dos presidentes contra-insurgentes de Washington e Bogotá e os devolveu em 100%. Por cada povoado arrasado, Marulanda recrutava dúzias de camponeses lutadores, enfurecidos e desamparados e treinava-os com suma paciência para que fossem quadros e comandantes. Mais que simples exército guerrilheiro, as FARC chegaram a ser um exército de todo o povo: um terço dos comandantes eram mulheres, mais de setenta por cento eram camponeses, se bem que se associaram intelectuais e profissionais, que foram treinados por quadros do movimento.

Marulanda foi um homem venerado por seu estilo de vida excepcionalmente simples: compartilhou a chuva torrencial sob cobertas de plástico. Milhões de camponeses o respeitavam profundamente, porém nunca praticou o culto à personalidade: era demasiado irreverente e modesto, preferia delegar as tarefas importantes a uma direcção colectiva, com muita autonomia regional e flexibilidade táctica. Aceitou um amplo leque de opiniões sobre tácticas, mesmo quando discordava profundamente delas. Em princípios dos 80, muitos quadros e líderes decidiram testar a via eleitoral, firmaram um "acordo de paz" com o presidente colombiano, criaram um partido – a União Patriótica – e fizeram eleger a numerosos presidentes de municipalidades e deputados. Obtiveram mesmo numerosos votos nas eleições presidenciais.

Marulanda não se opôs publicamente ao acordo, porém não abandonou as armas nem "baixou desde as montanhas às cidades". Muito mais lúcido que os profissionais e os sindicalistas que se postulavam nas eleições, Marulanda compreendia o carácter extremamente autoritário e brutal da oligarquia e seus políticos. Sabia que os governantes da Colômbia não aceitariam nunca uma reforma agrária justa só porque uns "poucos camponeses analfabetos os derrotarem nas urnas". Em 1987, mais de 5.000 membros da União Patriótica haviam sido assassinados pelos esquadrões da morte da oligarquia, entre eles três candidatos à presidência, uma dúzia de congressistas e mulheres e alcaides e vereadores. Os sobreviventes fugiram para a selva, reincorporaram-se à luta armada ou marcharam para o exílio.

Marulanda era um mestre na hora de romper os cercos e evitar as campanhas de aniquilação, sobretudo as que elaboraram os melhores e mais brilhantes estrategistas do centro de contra-insurgência dos Corpos Especiais do US Fort Bragg e da Escola das Américas. Em fins dos 90, as FARC haviam ampliado seu controle a mais da metade do país, bloqueavam auto-estradas e atacavam bases militares situadas a apenas 65 quilómetros da capital. Muito debilitado, o então presidente Pastraña terminou por aceitar negociações sérias de paz, nas quais as FARC exigiram uma zona desmilitarizada e um programa que incluía mudanças estruturais básicas no Estado, na economia e na sociedade.

Ao contrário das guerrilhas centro-americanas, que trocaram as armas por cargos eleitorais, antes de depor as suas Marulanda insistiu na redistribuição da terra, no desmantelamento dos esquadrões da morte, na destituição dos generais colombianos implicados nos massacres, numa economia mista baseada em boa medida na nacionalização dos sectores económicos estratégicos e no financiamento em grande escala dos camponeses para o desenvolvimento de colheitas alternativas à coca.

Em Washington, o presidente Clinton assistia histérico àquele espectáculo e opôs-se às negociações de paz, em especial ao programa de reformas, assim como aos debates públicos abertos e aos foros de debate organizados pelas FARC na zona desmilitarizada, aos quais assistiam numerosos membros da sociedade civil colombiana. A aceitação, por parte de Marulanda, do debate democrático, da desmilitarização e das mudanças estruturais desmascaram a mentira dos social-democratas ocidentais e latino-americanos e dos universitários de centro-esquerda que o acusaram de "militarista". Washington tratou de repetir o processo de paz centro-americano enganando os chefes das FARC com a promessa de cargos eleitorais e privilégios — desde que vendessem os camponeses e os colombianos pobres. Ao mesmo tempo, Clinton, com o apoio dos dois partidos do Congresso, fez aprovar um projecto de lei de apropriação de dois mil milhões de dólares para financiar o maior e mais sangrento programa de contra-insurgência desde a guerra da Indochina, denominado "Plano Colômbia". O presidente Pastraña deu por terminado, de forma abrupta, o processo de paz e enviou soldados à zona desmilitarizada a fim de que capturassem a direcção das FARC. Porém, quando estes chegaram, Marulanda e seus companheiros já se haviam ido.

Desde 2002 até agora, as FARC têm alternado os ataques ofensivos e as retiradas defensivas, em especial desde finais de 2006. Com um financiamento sem precedentes e um apoio tecnológico ultramoderno dos EUA, o novo presidente Álvaro Uribe – sócio de narcotraficantes e organizador de esquadrões da morte – adoptou uma política de terra queimada para enfurecer-se com o campo colombiano. Entre sua eleição em 2002 e sua reeleição em 2006, mais de 15 mil camponeses, sindicalistas, activistas de direitos humanos, jornalistas e outros críticos foram assassinados. Regiões inteiras do campo foram esvaziadas: da mesma maneira que na Operação Fénix americana no Vietname, a terra de cultivo foi contaminada com herbicidas tóxicos. Mais de 250 mil soldados e seus amigos paramilitares dos esquadrões da morte dizimaram amplas zonas do campo colombiano controladas pelas FARC. Helicópteros proporcionados por Washington bombardearam a selva em missões de busca e destruição (que nada tinham a ver com a produção de coca ou com o envio de cocaína para os EUA). Ao destruir toda a oposição popular e as organizações camponesas e ao deslocar milhões de colombianos, Uribe logrou empurrar as FARC para regiões mais remotas. Assim como havia feito no passado, Marulanda assumiu uma estratégia de retirada táctica defensiva, abandonando território para proteger a capacidade de luta dos guerrilheiros no futuro.

A contrário de outros movimentos guerrilheiros, as FARC não receberam nenhum apoio material do exterior: Fidel Castro repudiou publicamente a luta armada e buscou laços diplomáticos e comerciais com governos de centro-esquerda, inclusive melhores relações com o brutal Uribe. Depois de 2001, a Casa Branca de Bush rotulou as FARC de "organização terrorista", pressionando Equador e Venezuela para que restringissem os movimentos fronteiriços das FARC em busca de abastecimentos. O "centro-direita" da Colômbia dividiu-se entre os que prestavam um "apoio crítico" à guerra total de Uribe contra as FARC e os que protestavam infrutiferamente contra a repressão.

É difícil imaginar que um movimento guerrilheiro possa sobreviver frente a um financiamento tão maciço da contra-insurgência, um 250 mil soldados armados pelo império, milhões de deslocados de suas terras e um presidente psicopata vinculado directamente a uma cadeia de esquadrões da morte com 35 mil membros. No entanto, sereno e resoluto, Marulanda dirigiu a retirada táctica; a ideia de negociar uma capitulação nunca lhe passou pela cabeça, nem a ele nem à direcção das FARC.

As FARC não têm fronteira contígua com um país que as apoie, como o Vietname com a China; tampouco goza, como o Vietname, do fornecimento de armas da URSS e do apoio maciço internacional de grupos ocidentais de solidariedade, como os sandinistas.

Vivemos numa época em que apoiar os movimentos camponeses de libertação nacional não está "na moda"; em que reconhecer que o génio de líderes camponeses revolucionários que constroem e mantêm a autêntica massa dos exércitos populares é tabu nos pretensiosos, loquazes e impotentes Fóruns Sociais Mundiais, cujo "mundo" exclui regularmente os camponeses militantes e para os quais "social" significa o constante intercâmbio de mensagens electrónicas entre fundações financiadas por ONGs.

É neste ambiente tão pouco promissor frente às pírricas vitórias dos presidentes dos EUA e da Colômbia que podemos apreciar o génio político e a integridade pessoal de Manuel Marulanda, o maior camponês revolucionário da América Latina. Sua morte não gerará cartazes ou t-shirts para estudantes universitários de classe média, porém viverá eternamente nos corações e nas mentes de milhões de camponeses da Colômbia.

Se recordará dele sempre como "Tirofijo", um ser legendário ao qual mataram uma dúzia de vezes e, apesar disso, regressou aos povos para compartilhar com os camponeses suas vidas simples. Tirofijo foi o único líder que era realmente "um deles", que durante meio século enfrentou o aparato militar e mercenário ianque e nunca foi capturado ou derrotado.

Os desafiou a todos em suas mansões, seus palácios presidenciais, suas bases militares, suas câmaras de tortura e suas burguesas salas de redacção. Morreu de morte natural, depois de sessenta anos de luta, nos braços de seus queridos companheiros camponeses.


James Petras (sociólogo estadunidense)

fonte:www.resistir.info

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Moradores afirmam que choveu sangue em cidade colombiana


Habitantes relatam que, após tempestade, líquido vermelho caiu dos céus.De acordo com padre, teste feito em amostra confirma que tratava-se de sangue.



Habitantes do vilarejo de La Sierra, na região noroeste da Colômbia, afirmam que, logo após uma tempestade ocorrida na terça-feira (29), gotas de um líquido vermelho caíram do céu. Alguns moradores, entre eles o padre da cidade, juram que as gotas eram, na verdade, sangue.



De acordo com o sacerdote Jhony Milton Córdoba, responsável pela paróquia de Chocó, vários moradores relataram ter visto a chuva de sangue. Córdoba afirmou que pode se tratar de "um sinal de Deus". "Pela manhã de quarta-feira (30), me chamaram no vilarejo, e disseram que havia chovido sangue", disse Córdoba. "Alguns minutos depois, o sangue havia se transformado em água".



Algumas amostras da chuva misteriosa foram recolhidas pelos moradores. Segundo o padre, uma bacteriologista do município de Bagadó confirmou que tratava-se de sangue. "Às vezes, acontecem fenômenos inexplicáveis, e por isso não podemos tomar conclusões precipitadas", afirmou o bispo Fidel León Cadavid, em entrevista ao jornal colombiano 'El Tiempo'. "Vamos esperar que outros laboratórios confirmem que o líquido é mesmo sangue", disse.

Fonte: G1
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quarta-feira, 30 de julho de 2008

Darwin: muito famoso e pouco lido

Artigo celebra 150 anos da teoria da evolução por seleção natural, que explica a origem das espécies


Nascido no século 19, Charles Robert Darwin é o cientista mais conhecido e reconhecido no século 21, superando em notoriedade gigantes como o físico inglês Isaac Newton (1643-1727), o filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), o neurologista austríaco Sigmund Freud (1856-1939) e o físico alemão Albert Einstein (1879-1955). Darwin foi o criador da teoria evolutiva que explica a origem de todas as espécies por meio da seleção natural. Essa teoria, após ter sido elaborada por ele durante décadas, foi lançada a público há exatos 150 anos, com a leitura, em sessão da Royal Society, principal academia de ciências da Inglaterra, de cartas do próprio Darwin e do também inglês Alfred Wallace (1823-1913), que chegou bem mais tarde a conclusões semelhantes. Embora tenha mudado radicalmente a forma como o homem percebia a natureza, a teoria da evolução dificilmente explica o enorme prestígio que Charles Darwin tem ainda hoje. Na verdade, a contribuição de Darwin para o desenvolvimento do conhecimento humano vai muito além da teoria evolutiva: ele foi pioneiro na geologia, criando teorias importantes para o surgimento de ilhas oceânicas e explicações corretas para os mecanismos que geram os movimentos ascendentes da cordilheira dos Andes. Para o biólogo austríaco Konrad Lorenz (1903-1989), Darwin foi ainda o iniciador da etologia, ciência que estuda o comportamento dos animais. Além disso, pode ser considerado o mentor da moderna ecologia, por ter criado os conceitos de ‘nicho ecológico’ e ‘ecossistema’, ao afirmar que cada espécie ocupa um lugar determinado (nicho) na “economia da natureza” (ecossistema). Nessa mesma área, Darwin demonstrou a importância fundamental, para o funcionamento dos ecossistemas, de relações como competição, predação e mutualismo entre os seres vivos e interações entre estes e o ambiente. Na taxonomia, a rainha das ciências biológicas, ele fez contribuições notáveis, criando os conceitos de ‘espécies em estado nascendi’ e de ‘espécie fóssil’. Naturalista, biólogo, etólogo, taxonomista, geólogo, ecólogo e, como se fosse pouco, pai da biogeografia. Suas contribuições fundamentais em todas essas ciências podem explicar por que Darwin é um gigante entre gigantes.


Ricardo Iglesias Rios
Departamento de Ecologia, Instituto de Biologia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Postado por Emerson Nascimento ( Morador da R.E.G)
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terça-feira, 29 de julho de 2008

Ato Público em Guanambi - Ba


A R.E.G agradece a todos que puderam coloborar de forma direta ou indireta para a realização do Ato Público que abordou a temática estudantil na cidade de Guanambi.



Esse foi mais um momento de reflexão e luta por uma casa própria em benefício dos estudantes carentes da cidade.



Casa própria para a a R.E.G.! Essa luta também é sua!
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Obama, o príncipe do engodo


Em 12 de Julho, The Times dedicou duas páginas ao Afeganistão. Foi sobretudo acerca do calor. O repórter, Magnus Linklater, descreveu em pormenor o seu desconforto e como teve necessidade de ser borrifado com água fria. Ele também descreveu o "grande drama" e a "rotina meticulosamente praticada" de evacuar um outro jornalista demasiado calorento. Para as equipes de resgate da US Marine, escreveu Linklater, "salvar uma vida tem prioridade sobre a segurança [deles]". Junto a esta peça havia uma reportagem cujo parágrafo final mencionava que "47 civis, a maior parte deles mulheres e crianças, foram mortos quando um avião da US Air Force bombardeou domingo uma festa de casamento no leste do Afeganistão".

Carnificinas nesta escala são comuns, e na maioria das vezes permanecem desconhecidas para o público britânico. Entrevistei uma mulher que havia perdido oito membros da sua família, incluindo seis filhos. Foi lançada uma bomba de 500 libras [227 kg] US Mk82 sobre a sua casa construída com barro, pedras e palha. Não havia "inimigo" nas proximidades. Entrevistei um director de escola cuja casa desapareceu numa bola de fogo provocada por outra bomba de "precisão". Lá dentro estava nove pessoas – sua esposa, seus quatro filhos, seu irmão e sua esposa, e sua irmã e seu marido. Nenhum destes assassínios em massa foi notícia. Tal como Harold Pinter escreveu a respeito de tais crimes: "Nada chegou a acontecer. Mesmo quando estava a acontecer isto não estava acontecer. Não importava. Não tinha interesse".

Um total de 64 civis foram bombardeados até à morte enquanto o homem de The Times estava inconfortável. A maior parte eram convidados na festa de casamento. As festas de casamento são uma especialidade da "coligação". Pelo menos quatro delas foram arrasadas — nas províncias de Mazar, Khost, Uruzgan e Nagarhar. Muitos dos pormenores, incluindo os nomes das vítimas, foram compilados por um professor de New Hampshire, Marc Harold, cujo Projecto Memorial de Vítimas Afegãs é um trabalho meticuloso de jornalismo que envergonha aqueles que são pagos para manterem o registo em dia e relataram quase tudo acerca da Guerra Afegã através dos serviços de relações públicas dos militares britânicos e americanos.

Os EUA e seus aliados estão a lançar números recorde de bombas sobre o Afeganistão. Isto não é noticiado. No primeiro semestre deste ano, foram lançadas 1853 bombas: mais do que todas as bombas de 2006 e a na maior parte de 2007. "As bombas utilizadas mais frequentemente", relata o Air Force Times, "são as de 500 libras e 2000 libras [907 kg] conduzidas por satélite...". Sem esta carnificina unilateral, o ressurgimento dos Taliban poderia não ter acontecido. Mesmo Hamid Karzai, fantoche americano e britânico, disse isso. A presença e a agressão de estrangeiros quase uniu a resistência que agora inclui antigos senhores da guerra outrora na folha de pagamento da CIA.

Este escândalo seria a manchete dos noticiários, se não fosse aquilo que o antigo porta-voz de George W. Bush, Scott McClellan, denominou de "activadores da cumplicidade" ("complicit enablers") — jornalistas que funcionam como pouco mais de alto-falantes oficiais. Tendo declarado que o Afeganistão era uma "boa guerra", tais activadores da cumplicidade estão agora a incensar Barack Obama quando ele se passeia pelas festas sanguinárias no Afeganistão e no Iraque. O que eles nunca dizem é que Obama é um terrorista (bomber).

No New York Times de 14 de Julho, num artigo destinado a aparentar como que o fim da guerra no Iraque, Obama exigiu mais guerra no Afeganistão e, com efeito, uma invasão do Paquistão. Ele quer mais tropas de combate, mais helicópteros, mais bombas. Bush pode estar de saída, mas os republicanos construíram uma máquina ideológica que transcende a perda do pode eleitoral — porque seus colaboradores são, como disse sucintamente o escritor americano Mike Whitney, democratas do "engodo falso" ("bait-and-switch"), dos quais Obama é o príncipe.

Aqueles que escrevem de Obama que "no que se refere a assuntos internacionais, ele constituirá uma enorme melhoria sobre Bush" demonstram a mesma ingenuidade deliberada que apoiou o "engodo falso" de Bill Clinton – de Tony Blair. Com Blair, escreveu Hugo Young no fim de 1997, "a ideologia rendeu-se inteiramente a 'valores'... não há vacas sagradas [e] nenhuns limites fossilizados para o campo sobre o qual a mente possa estender-se na busca de uma Grã-Bretanha melhor...".

Onze anos e cinco guerras depois, pelo menos um milhão de pessoas está morta. Barack Obama é o Blair americano. É irrelevante que ele seja um operador calmo e um homem negro. Ele faz parte de uma sistema duradouro e desenfreado cujos chefes de banda e grupos de apoio nunca vêem, ou querem ver, as consequências de bombas de 500 libras despejadas erradamente sobre casas de barro, pedras e palha.

Fonte: resistir.info
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segunda-feira, 28 de julho de 2008

Impedir a guerra imperialista na América Latina (I)


A partir do inverossímil "ataque terrorista" às torres gêmeas nova-iorquinas, atribuído a fundamentalistas islâmicos, o imperialismo norte-americano demonizou Sadam Hussein e os Talibãs, para poder invadir o Iraque e o Afeganistão, dois países estratégicos na disputa por petróleo, gás e água, algumas das principais riquezas naturais que decidirão a hegemonia mundial. Contra Sadam, inventaram a mentira das armas de destruição em massa, cuja existência já foi desmentida até por organismos da ONU. Contra os Talibãs, a farsa de que eram narcotraficantes. Depois de anos de destruição e extermínio, não há perspectiva de os ianques saírem militarmente vitoriosos desses países, pois seus povos, como o vietnamita, resolveram enfrentar os verdadeiros terroristas.
Mas a crise econômica por que passam os EUA e as necessidades cada vez maiores de reprodução do capital - em meio a crises cíclicas, disputas de mercados, escassez de fontes energéticas e recursos naturais, elevação do preço do petróleo e dos alimentos - empurram o imperialismo para novas aventuras militares. Na "divisão de tarefas" do capital internacional, cabe ainda aos Estados Unidos o papel de gendarme principal de seus interesses no mundo, na América Latina em particular.
Cabe destacar que, ao mencionarmos genericamente a palavra imperialismo, não estamos falando apenas de seu pólo hegemônico (os Estados Unidos), mas de todo o sistema capitalista mundial. Até porque, apesar de a América Latina ser considerada há décadas como o "quintal dos EUA", há na região vários monopólios de capitais majoritariamente originários de outros países, sobretudo da Europa.
Isto é necessário ser compreendido pela esquerda, para afastarmos ilusões de alianças com a burguesia européia ou mesmo com a burguesia dependente latino-americana, notadamente a brasileira e a mexicana. As economias desses países fazem parte do sistema capitalista internacional. O que existe são contradições inter-burguesas e inter-imperialistas que podem circunstancialmente nos favorecer no curto prazo, em algumas questões, como é o caso da política externa brasileira, aparentemente contraditória, que "morde e assopra" os EUA. Aceita liderar as tropas da ONU que ocupam o Haiti, a pedido de Washington, ao mesmo tempo em que ajuda a desmontar a possibilidade de a Colômbia de Uribe conseguir uma guerra contra seus vizinhos.
Como tentaremos aqui expor, os Estados Unidos precisam de uma guerra na América Latina, para recuperar pelas armas seu espaço perdido. Pelo contrário, ao Brasil não interessa essa guerra. Com sua eficiente diplomacia, vai ganhando mercados, ao mesmo tempo em que Lula se apresenta como uma alternativa moderada ao "radicalismo" de Chávez e Evo Morales. Cada vez que nosso Presidente chega a uma capital latino-americana, leva consigo, além do aero-lula, dois ou três aviões cheios de empresários brasileiros, para cobrar o preço da solidariedade: o aproveitamento de oportunidades na busca de mercados.
Em 28 de maio passado, Lula visitou o Haiti pela segunda vez. Da primeira, antes da ocupação, chegou com a seleção brasileira de futebol e, em seguida, mandou nossas tropas. Agora, quatro anos depois, foi buscar os frutos. Desembarcou em Porto Príncipe com dezenas de empresários brasileiros, numa delegação em que se destacavam os executivos das empreiteiras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Correa, as mesmas que transformaram a Venezuela num canteiro de obras, em retribuição a alguns gestos brasileiros simpáticos à revolução bolivariana. Recentemente, Lula anunciou que o Brasil pretende ser o principal parceiro comercial de Cuba, apostando numa improvável restauração capitalista na ilha socialista.
No fim de semana (18 a 20 de julho), Lula, acompanhado de dezenas de empresários brasileiros, radicalizou sua eclética agenda, destinada a pairar acima das divergências regionais. Encontrou-se na Bolívia com Evo Morales e Hugo Chávez, e depois na Colômbia, com Álvaro Uribe e Allan Garcia, outro aliado estadunidense. O feito merecia menção no famoso livro dos recordes, na categoria malabarismo político.
A data da passagem de Lula e Allan Garcia pela Colômbia não foi aleatória. Foram os dois únicos convidados especiais de Uribe no palanque de um desfile militar na cidade de Letícia, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, onde os três assinaram acordos militares (cujo teor ainda não se conhece). O dia escolhido foi a data nacional colombiana (20 de julho), que Uribe aproveitou para convocar amplamente mobilizações em todo o país, exigindo a libertação unilateral dos reféns em poder da guerrilha (esquecendo-se dos presos políticos), de forma a marcar o evento como manifestação contra as FARC. Os jornais brasileiros nos informam que Lula assinou acordos para cooperar com a Colômbia na localização de "grupos armados", inclusive utilizando-se do aparato tecnológico do SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia). Jornais colombianos nos informam que Lula foi vender mais armas para o governo colombiano, além dos super-tucanos, aviões militares de fabricação brasileira usados no ataque ao acampamento de Raul Reyes, no Equador. Na delegação brasileira, destacavam-se empresários ligados à indústria bélica.
Quando o governo brasileiro ajuda a inviabilizar a ALCA ou lidera a criação da UNASUL (União das Nações Sul-Americanas) e do Conselho Sul-Americano de Defesa Regional devemos saudá-lo, pois isto objetivamente contraria os interesses dos EUA. Mas não esqueçamos o outro lado da questão: o Brasil é um contraponto capitalista ao movimento de integração antiimperialista da região, representado pela ALBA e por outras iniciativas de integração solidária e complementar, lideradas por Hugo Chávez. O capitalismo brasileiro é uma formação social e econômica dependente e associada ao imperialismo, com suas contradições.
Apesar da grande diferença de discursos e práticas políticas, Uribe e Lula são concretamente duas alternativas do capital para a América Latina. No entanto, é óbvio que não os podemos colocar no mesmo saco. Uribe é indiscutivelmente o inimigo principal, do curtíssimo prazo. Se não o derrotarmos, uma onda de retrocesso e repressão pode abater-se sobre nosso continente. Mas a esquerda não pode conciliar e deixar de marcar diferenças com Lula, que governa fundamentalmente para o capital, tanto na política externa como na interna. Sua tarefa principal é "destravar" o capitalismo, custe o que custar, inclusive o meio ambiente, os direitos trabalhistas, a soberania nacional.
Depois de sofrer derrotas na América do Sul, como no caso do fracassado golpe contra Chávez, em 2002, e de ter que concentrar esforços inesperados para enfrentar a surpreendente força da resistência iraquiana, o imperialismo retoma com intensidade a pressão sobre a região, num momento em que vem crescendo o processo de mudanças. E é aí que mora o perigo! Hoje, os olhos, os ouvidos e os canhões norte-americanos voltam-se para a América do Sul, sobretudo para a região andina. Trata-se de tentar, no plano tático, frear o processo de mudanças e, no estratégico, consolidar e expandir o controle sobre as riquezas naturais do continente, que são imensas. Além do petróleo e do gás, a América do Sul tem as maiores reservas de água potável do planeta. Ao norte, a Amazônia; ao sul, um conjunto de grandes rios que se juntam no Aqüífero Guarani.
O imperialismo, por várias razões, já identificou seus inimigos principais na América do Sul: a revolução bolivariana da Venezuela e a revolução democrática e cultural da Bolívia.
O governo venezuelano é inimigo importante, pelo exemplo que inspira processos semelhantes em outros países, aos quais presta efetiva solidariedade política e material; pela defesa de Cuba Socialista e pela parceria com ela; pela contribuição para inviabilizar a ALCA, com a implantação da ALBA; por ter avançado mais em mudanças institucionais e estruturais; por ter resistido a vários golpes (o golpe de Estado, o lockout petroleiro); por ter a economia e as reservas minerais mais importantes da região andina.
Dentre os fatos recentes mais significativos da revolução na Venezuela estão as nacionalizações e estatizações de empresas estratégicas de energia elétrica, comunicações, alimentos, petroleiras, cimenteiras, siderúrgicas. O exemplo mais emblemático foi a reestatização da SIDOR (Siderúrgica de Orinoco), que havia sido privatizada a preço de banana no governo anterior. É como se o Brasil reestatizasse a Vale do Rio Doce!
O diferencial neste caso foi o protagonismo da classe operária. Uma greve havia começado pelo fim da terceirização de mão-de-obra e pela renovação do contrato coletivo de trabalho e acabou, pela força do movimento, acrescentando a palavra de ordem vitoriosa da reestatização da multinacional. Esta vitória deveu-se à luta dos trabalhadores e à direção conseqüente de forças de esquerda, principalmente o PCV (Partido Comunista de Venezuela), na mudança do objetivo principal do movimento e no enfrentamento da traição do então Ministro do Trabalho, que havia inclusive jogado forças policiais para reprimir o movimento. Foi decisivo também o papel de Chávez, que demitiu o Ministro do Trabalho, acabou com a terceirização e decretou, simbolicamente no primeiro de maio, a reestatização da empresa.
Na Bolívia, estamos assistindo a firmeza com que o governo Evo Morales enfrenta, com o respaldo do movimento de massas, o separatismo tentado pela direita, que conta com a ajuda política e material da embaixada norte-americana. Ao invés de curvar-se à pressão da oligarquia local, o governo da Bolívia avança na nacionalização de empresas estratégicas. O próprio Presidente - que declarou recentemente ser o capitalismo o maior inimigo da humanidade – desafia a oposição de direita para disputar um tira-teima político decisivo, no próximo 10 de agosto, ao convocar um referendo revogatório dos mandatos dele próprio e dos nove governadores, dos quais cinco lhe fazem oposição, todos da região conhecida como "Meia Lua". Vencida esta etapa importante, já se anuncia um novo plebiscito, desta vez para legitimar o trabalho da Assembléia Nacional Constituinte, que vem sendo boicotada pela direita.

ATENÇÃO: Amanhã estaremos postando a parte II do texto com o sub-título: "O VERDADEIRO EIXO DO MAL".

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sábado, 26 de julho de 2008

Ato público pela compra da casa própria para a REG!



Dia 28/07/08 – Segunda-feira – às 09h00min


- Público alvo: a população em geral e particularmente os estudantes;


- Caráter do ato: estudantil;


- Temas centrais: → Mobilização da sociedade local em torno da causa da REG;

→ Diálogo com o poder público municipal;


- Local: Praça Gercino Coelho (Bradesco/Táxi) – Guanambi;


- Realização: REG – Residência do Estudante de Guanambi (em Salvador).
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Debate aberto: Ingrid, as Farc e os Estados Unidos


Elaine Tavares


Os Estados Unidos, ainda mergulhados numa crise sem fim no Iraque, não abre mão do que acredita ser seu direito de intervir na vida dos países latino-americanos. Agora, num típico arranjo aos moldes da CIA, acaba de ajudar o governo de Álvaro Uribe a libertar Ingrid Betancourt, seqüestrada desde há anos pelas FARC. O anúncio da libertação da ex-candidata presidencial, juntamente com outros reféns estadunidenses, beira aos efeitos especiais de filmes como Rambo e Duro de Matar. Como sempre, é o mito do herói americano sendo reforçado. Mas, é bom lembrar que são figuras "míticas" como Rambo ou o personagem de Bruce Williams as responsáveis por rios de sangue como os provocados na queda de Salvador Allende, nas ditaduras argentina, brasileira e haitiana ou nos milhares de golpes de Estado que já aconteceram nesta "nuestra América", sempre capitaneados pelos interesses econômicos dos Estados Unidos.


Na Colômbia não é diferente. Desde que o país entrou na era republicana, pós-independência, o pendor de sua elite pela vassalagem vem se registrando a graus elevados. Seu primeiro presidente, Santander, quando o país ainda chamava-se Nova Granada, praticou o primeiro gesto ao trair Bolívar e aliar-ser aos interesses da Inglaterra. Desde então, em sucessivos governos democráticos ou autoritários, o povo colombiano não tem encontrado guarida para suas demandas. Não foi à toa que surgiram as FARC e outros grupos revolucionários que têm como objetivo a criação de uma Colômbia democrático/popular, na qual todos possam ter uma vida digna. Porque, afinal, até hoje, a Colômbia não logrou sua verdadeira independência.


Desde 1948, depois do assassinato de Jorge Gaitán, um político que era capaz de ouvir o povo, o país foi mergulhado numa rede de violência que parece não ter fim. Mas, é bom que se diga: os maiores incentivadores deste estado de coisas são os governos que insistem em não incorporar as demandas populares à vida nacional. Assim, não bastasse já o caldo de terror provocado pelas insanas lutas entre os liberais e conservadores, que tem suas origens no traidor Santander, o povo colombiano precisa enfrentar a sanha opressora do império estadunidense que não quer ver na ponta noroeste da América do Sul mais um país fora de sua folha de pagamento. Daí a cortina de fumaça que espalha com sua famosa "guerra contra as drogas".


Porque combater as drogas


No livro Drogas, Terrorismo e Insurgência, o escritor equatoriano Manuel Salgado Tamayo, conta a origem desta "cruzada" estadunidense, o que mostra bem quais são os interesses que estão por trás de toda a "bondade" que aparece no discurso que conclama a luta contra as drogas. Tamayo conta que até o início do século XX drogas como o ópio e a cocaína eram bastante utilizadas com fins medicinais. A cocaína, por exemplo, estava até na Coca Cola e era vendida legalmente como tônico revigorante. Foi por volta de 1903 que as autoridades começaram a associar as drogas às lutas das chamadas classes subalternas. Como não havia argumentos para reprimir a luta dos negros no sul dos EUA, que insistiam em lutar por coisas "absurdas" como direitos iguais aos dos brancos, chegou-se a conclusão de que eram os tônicos à base de cocaína que tornavam os negros muito rebeldes.


Além disso, as mulheres estadunidenses passaram a fazer sexo com os chineses imigrantes e isso, diziam as autoridades, só podia ser por conta do uso do ópio. Pois, afinal, que outro motivo levaria uma mulher branca, de boa família, a se deitar com um chinês? E também havia os mexicanos que começavam a ficar muito violentos. O motivo parecia óbvio: era o uso da marijuana. Nada a ver com as condições desumanas a que estavam submetidos os imigrantes ditos ilegais. E foi com base nestas premissas que começaram a ser criadas leis de criminalização destas drogas específicas. O álcool e o tabaco, por movimentarem uma indústria gigantesca e serem também consumidos pela classe dominante não sofreram muitas restrições.


Agora, na Colômbia, a história segue se repetindo. As lutas levadas adiante pelas FARC e outros grupos revolucionários no país não têm absolutamente nada a ver com a cocaína. Estes movimentos nasceram lá no início da década de 50, fruto da instabilidade e da violência gerados pelo próprio estado. E mais, estes grupos têm a ousadia de reivindicarem idéias "muito ultrapassadas" como o socialismo, a participação popular, a reforma agrária enfim, um outro tipo de organização da vida.


O cultivo da coca, que para algumas famílias é a única possibilidade que sobra no meio de uma guerra sem fim, não tem a finalidade de drogar o mundo. Todo o processo de refino e transformação em droga fica a cargo de outras gentes, com outros sotaques, que movimentam rios de dinheiro os quais nunca são vistos pelos pobres camponeses colombianos acossados entre o estado, os paramilitares, os traficantes e a miséria.


Mas, é justamente a cocaína o motivo que leva o governo colombiano a se associar com o governo dos Estados Unidos para "salvar" o mundo. O Plano Colômbia, nascido em 1998, durante a campanha presidencial de Andrés Pastrana, que visava uma negociação para a paz política acabou, pelas mãos de Bill Clinton, virando uma cruzada antidrogas, como se toda a problemática colombiana se resumisse a isso. Na verdade, o plano, arrumado pelos estadunidenses e sequer apreciado pelo congresso colombiano, só tinha uma preocupação: destruir o foco socialista que representavam as FARC e a ELN.


Os últimos fatos


Não é sem razão que a mídia cortesã insiste em divulgar aos quatro cantos a tese de que FARC e narcotráfico são a mesma coisa. É como o argumento de que os negros ficavam rebeldes por conta da cocaína, que os chineses seduziam as brancas por conta do ópio e os mexicanos ficavam violentos por causa da marijuana. Os motivos da guerra contra os pobres sempre são outros, ficam escondidos, e a grande massa vai absorvendo as mentiras. Não foi à toa que Hugo Chávez, o presidente venezuelano conclamou as FARC para que libertassem alguns reféns. Calejado nas artimanhas do império ele já deveria ter intuído que a CIA estava muito próxima de lograr uma vitória contra a guerrilha. Pois aí está.


Agora, o governo colombiano vai despejar no mundo, via mídia estadunidense, que é ele quem está "limpando" a Colômbia, que as FARC estão derrotadas, que não há mais a liderança de Marulanda, que tudo está fragilizado com mais esta vitória governamental. Logo, destruídas as FARC, o povo haverá de ter novamente a paz sonhada. De novo, as mentiras cobrem tudo com seu manto azul.


Jamais contarão ao mundo que as FARC e o ELN só nasceram por conta da violência do Estado contra as gentes, e que só seguem lutando porque esta violência segue crescendo. Para se ter uma idéia, o mal fadado plano Colômbia tem desalojado milhões de famílias ao longo destes anos, almas que vagam pelo território colombiano sem lugar, sem casa, sem terra, sem nada. O mesmo plano de libertação é o responsável pelas fumigações que destroem a terra, as plantações e a possibilidade de uma vida melhor para os camponeses.


A cortina de fumaça da libertação da ex-senadora vai alimentar a mídia por dias. Já falam até de eleições e de que ela pode vir a ser a sucessora de Uribe na presidência. Mais uma gerente do império. Nada mais do que "negócios". Enquanto isso, as gentes colombianas seguirão sendo a bucha de canhão de uma guerra que não querem. O tráfico de drogas é uma grande indústria, mais uma das grandes transnacionais que sugam a vida das gentes de Abya Yala, e ele permanecerá intocado enquanto o povo unido não enfrentar o verdadeiro monstro: o sistema capitalista e sua lógica de exploração e destruição.


Esse é o inimigo a enfrentar porque, afinal, nós, os pobres, os negros, os chineses, os mexicanos e todos os demais "subalternos", não ficamos rebeldes por conta da cocaína, do ópio ou da marijuana. Nós ficamos rebeldes porque sabemos que uma outra sociedade pode ser construída, com solidariedade, com justiça e riquezas repartidas.


Elaine Tavares é jornalista


Agência Carta Maior

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sexta-feira, 25 de julho de 2008

A auto destruição do capitalismo da dívida (II)


Calma, o Gabinete de Supervisão Federal de Empresas Habitacionais (Office of Federal Housing Enterprise Oversight, OFHEO), o regulador destas GSEs, declarou-as adequadamente capitalizadas nos termos regulamentares. As autorizações existentes do Congresso para as companhias dão ao Tesouro autoridade para comprar até US$2,25 mil milhões em cada um dos seus títulos no caso de um possível incumprimento, contra um passivo total de mais de US$5 milhões de milhões. Isto equivale a uma injecção de saldo líquido de menos de meio centavo por cada dólar de passivo.

Os credit-default swaps atados à dívida principal da Fannie Mae e do Freddie Mac ascenderam de 35 pontos base para 70 pontos base desde 1 de Maio de 2008. Um ponto base é uma percentagem de 0,01. O custo para proteger a dívida subordinada das companhias do incumprimento cresceu a uma taxa mais rápida. Aquela dívida é classificada como Aa2 pelo Moody's. Os credit-default swaps nas notas subordinadas à Fannie Mae saltaram de 103 pontos base para 190 pontos base desde 1 de Maio, ao passo que contratos nas notas subordinadas ao Freddie Mac ascenderam de 103 pontos base para 190 pontos base.

A mediana do credit-default swap em dívida classificada como Aaa pelo Moody's era 26 pontos base em 8 de Julho. Ela estava a 76 pontos base da dívida classificada como A2 e a 180 pontos base da dívida classificada como Baa3, o mais baixo grau na classificação de investimento. Os custos provavelmente reflectem riscos de terceiros, ou o risco de que o banco ou a firma de títulos fracassem no outro extremo do contrato. Para a maior parte das companhias, o risco de terceiros incorporado nos custos em credit-default swap não será tão pronunciado porque o risco de um incumprimento sobre a dívida subjacente seria maior do que do banco concedendo a protecção. No caso do Fannie Mae, do Freddie Mac e de outras companhias com classificações Aas, é maior o risco de incumprimento por bancos classificados mais baixo.

Os credit-default swaps são instrumentos financeiros baseados em títulos e empréstimos que são utilizados para especular sobre a capacidade de uma companhia para repagar dívida. Eles pagam o valor facial do comprador em troca dos títulos subjacentes ou o cash equivalente se um tomador de empréstimo falhar no respeito aos seus acordos de dívida. Uma ascensão indica deterioração na percepção da qualidade do crédito; um declínio, o oposto. Um ponto base num contrato que protege uma dívida de US$10 milhões durante cinco anos é o equivalente a US$1000 por ano.

Em 11 de Janeiro de 2006, no Asia Times Online, escrevi em Of debt, deflation and rotten apples :
Nos EUA, onde a titularização de empréstimos é generalizada, os bancos são tentados a empurrar empréstimos arriscados passando-os no risco de longo prazo para investidores não bancários através da titularização de dívida. Os credit-default swaps, uma forma relativamente nova de contrato derivativo, permite aos investidores protegerem-se (hedge) contra pools de hipotecas titularizadas. Este tipo de contrato, conhecido como títulos apoiados por activos (asset-back securities), tem sido limitado ao mercado de títulos corporativos, de hipotecas convencionais de casas e empréstimos para automóvel e cartões de crédito. Em Junho último [de 2005], um novo padrão de contrato começou a ser comerciado por hedge funds que apostam sobre títulos de situação líquida de casas apoiados por empréstimos a taxa ajustável para tomadores subprime, não como estratégia de hedge mas como centro de lucro. Quando negócios na baixa (bearish trades) são lucrativos, suas apostas podem facilmente tornar-se profecias auto-cumpridoras ao disparar um ciclo vicioso declinante.

A autorização dos EUA e o papel das GSEs em garantir cerca de 46% dos US$12 milhões de milhões de hipotecas ainda não pagas leva a expectativas de que o governo sustentaria a dívida das agências. A Standard & Poor's assinalou a dívida nas classificações de topo, citando o "explícito e implícito apoio" do governo às agências.
[...]

TEXTO NA INTEGRA:

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Reflexão!

Primeiro, vieram buscar os comunistas, mas, como eu não era comunista, eu me calei.

Depois, vieram buscar os judeus, mas, como eu não era judeu, eu não protestei.

Então, vieram buscar os sindicalistas, mas, como eu não era sindicalista, eu me calei.

Então, eles vieram buscar os católicos e, como eu era protestante, eu me calei.

Então, quando vieram me buscar... Já não restava ninguém para protestar.

Martin Niemoller

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Punição indevida?


Luis Salomé de França, Eurival Carvalho Martins e Raimundo Benigno Moreira, dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Pará, foram condenados pela Justiça Federal de Marabá, no sul do estado, acusados de bloquear uma ferrovia pertencente à mineradora Vale.


O trio deve pagar, num prazo de quinze dias, R$ 5,2 milhões à Vale, responsável pela Estrada de Ferro Carajás. Na sentença, o juiz Carlos Henrique Borlido Haddad, de Marabá, aponta descumprimento de ordens judiciais que proibiam a interdição da ferrovia, bloqueada pelos integrantes do movimento em abril deste ano.


Para o advogado Fabio Konder Comparato, professor aposentado da Universidade de São Paulo, há a possibilidade de a decisão ser contra Constituição brasileira, por considerar o transporte de minério mais importante que uma manifestação para garantir um direito fundamental do ser humano.


“Eu não tenho conhecimento total do processo, mas se tiver acontecido o que parece, um confronto entre um movimento que luta pelo trabalho, que está garantido pela Constituição, contra um grupo que defende um direito ordinário, o de transportar minério”, diz Comparato. “Caso seja isso mesmo, a decisão é irremediavelmente inconstitucional, e reafirma que nosso sistema judiciário sobreleva a proteção de direitos financeiros e ordinários aos que são fundamentais.”


Na ocasião, cerca de 500 pessoas ocuparam parte da estrada de ferro, na altura do município de Parauapebas.


Segundo o advogado, outra falha do processo é personalizar três pessoas pela ação de centenas delas. “O MST não tem personalidade jurídica, não pode ser processado, e tentam culpabilizar três pela ação de todos. Trata-se de uma posição desigual entre as partes do processo.”


Na sentença, o juiz Haddad explica que França, Martins e Moreira “lideraram diversas pessoas na invasão da estrada de ferro (de Carajás) e, por essa razão, devem responder pela totalidade dos danos causados, como também arcar com a multa imposta caso a turbação (perturbação na posse, mas sem suprimi-la por completo) ocorresse”.


Konder Comparato afirma que, para condenar os sem-terra, é necessário provar que a Vale não cerceou o direito do movimento reinvidicar trabalho, e que os integrantes do MST provocaram danos ao direito da companhia mineradora, no caso de terem “simplesmente manifestado contrariedade à privatização fraudulenta de patrimônio nacional, do povo brasileiro.”


Em 2007, o MST fechou a ferrovia duas vezes e a interdição impediu o transporte de minério de ferro do Pará até o porto de Itaqui, no Maranhão. Em fevereiro de 2008, a Vale ingressou com ação de interdito proibitório e obteve a liminar. O mérito foi julgado agora com a condenação dos três dirigentes do movimento.


O juiz determina inclusive que os réus fiquem proibidos de participar de novas interdições da ferrovia e, em caso de desobediência, deverão pagar uma multa diária de 3 mil reais cada. O MST prepara recurso para evitar o pagamento.


Fonte: Carta capital.
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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Aché Ile Cicongo Roxo Mucumbe de H' anzanbi


Situado na Rua Genebaldo Souza Teixeira, n°59, no Bairro Lagoinha, em Guanambi, o terreiro “Aché Ile Cicongo Roxo Mucumbe de H’anzanbi” constitui-se num verdadeiro símbolo de resistência da cultura afro-brasileira há mais de 15 anos. Local sagrado para os praticantes do candomblé no município, o terreiro se localiza à margem do lago que dá nome ao bairro, hoje aterrado e reduzido a menos de 20% de sua área original.


Patrimônio cultural – Em 2005, o terreiro foi elevado à categoria de “Patrimônio Cultural Afro-brasileiro”, título concedido pela Fundação Cultural Palmares, órgão ligado ao Ministério da Cultura. Na Bahia, somente 5 terreiros possuem esse título e o “Aché Ile Cicongo Roxo Mucumbe de H’anzanbi” de Guanambi é o único do interior do Estado.


Atritos com o “dono” da cidade – Segundo Wilson Souza Mota, “babalorixá” e administrador do terreiro, em 2005 o atual prefeito da cidade, Nilo Coelho, tentou tomar a força uma parte da área que compreende o terreiro: “são 5000 metros quadrados de área, ele mandou máquinas para derrubar os muros que nós tínhamos aqui e o resultado é esse aí”, comenta Wilson, indicando as cercas de arame farpado que substituem a muralha que foi destruída. O prefeito alegou que a área foi “invadida” e pertencia a Prefeitura Municipal de Guanambi.


Naquele período, nenhum órgão midiático da cidade noticiou o fato.


Wanderson Pimenta (morador da REG)
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A auto destruição do capitalismo da dívida


Num período de menos de um ano, aquilo que fora descrito pelas autoridades estado-unidenses como um problema financeiro temporário relacionado com o estouro da bolha habitacional redundou numa crise completamente madura no próprio núcleo do capitalismo de livre mercado.
Durante anos um punhado de analistas estivera a advertir que a desregulamentação maciça dos mercados financeiros e o erro da privatização do sector público durante as últimas duas décadas ameaçaria a viabilidade do capitalismo de livre mercado. Mas a fixação ideológica neoliberal permanece firmemente arraigada nos círculos dirigentes dos EUA, fertilizada pelas irresistíveis contribuições de campanha dos especuladores da Wall Street, expurgando metodicamente as agências reguladoras de tudo o que tentasse manter um senso de realidade financeira.

Esta ideologia de "o mercado sabe melhor" permitiu que o país deslizasse numa insustentável condução errática quanto à sua dívida maciça – assumida vertiginosamente por todos os participantes do mercado, que vão desde os bancos supostamente conservadores, bancos de investimento e outras instituições financeiras não bancárias, até corporações industriais, empresas patrocinadas pelo governo (government sponsored enterprises, GSEs) e indivíduos.

A outrora dinâmica economia dos EUA transformou-se num sistema em que é difícil encontrar alguma instituição, companhia ou indivíduo que não tenha a sua cabeça na dívida especulativa. O capitalismo subcapitalizado, também conhecido como capitalismo da dívida, foi o motor do crescimento da bolha da dívida estado-unidense nas últimas duas décadas. Este capitalismo canceroso é causado por um fracasso da banca central.

Indiferença à garantia da dívida

Os traders estão indiferentes à implícita garantia do governo da dívida das GSE quando as perdas de créditos crescem e aumentam as preocupações acerca de as mesmas não terem capital suficiente para aguentar a maior derrocada habitacional desde a Grande Depressão. A Fannie Mae perdeu 80% do valor de capitalização no mercado no primeiro semestre de 2008 no New York Stock Exchange; e o Freddie Mac perdeu 70%. Estas duas GSEs relataram perdas conjuntas de mais de US$11 mil milhões, e levantaram mais de US$20 mil milhões de novo capital desde Dezembro de 2007. Depois de a Lehman Brothers Holdings Inc ter divulgado o relatório de 7 de Junho de 2008 a dizer que uma nova regra contabilística pode exigir às GSEs que levantem outros US$75 mil milhões em novo capital, as acções do Freddie Mac caíram mais 18% e as da Fannie Mae 16%.
(A 2ª e última parte do artigo será publicada amanhã)

TEXTO NA INTEGRA:
http://www.resistir.info/crise/liu_22jul08_parte_1.html

FONTE:
http://www.resistir.info/
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quarta-feira, 23 de julho de 2008

O poder da insurgência

Melquizedeque Torremolinos

Bastou sair o comunicado do Secretariado das Farc-EP explicando que os 15 prisioneiros de guerra em seu poder fugiram devido à traição dos ex-guerrilheiros Cesar e Gafas para que o alto comando dos esbirros do Miniführer colombiano jogassem um balde de água fria na domesticada, alienada e subjugada opinião nacional. Disso resultou mais um falso positivo para a fratricida força de segurança pública colombiana.


Nem os milhões de dólares, nem todo o serviço de tecnologia americana, emprestada, é claro, atingiram a unidade de comando da Insurgência Revolucionária. Por seu lado, a atitude traidora desses dois chefes “guerrilheiros” não assegura nenhuma capacidade ao exército inimigo de controlar as comunicações e canais do Secretariado nem, tampouco, atingem o bloco guerrilheiro. A unidade de comando saiu ilesa. O exército inimigo continua baseando-se em suposições sobre a debilidade do inimigo.


Ele subestima a sua força e, sobretudo, a sua potencialidade. No desenvolvimento da guerra, esse estágio nos anima a considerar que a presença, existência e intensificação da luta armada na Colômbia continua sendo um ingrediente fundamental no âmbito da resistência popular. Que a presença da luta armada garantirá o equilíbrio de uma negociação política; há sempre a certeza de que meio século de luta armada revolucionária não poderá ser desconhecido pela ditadura midiática. Também não é de todo desconhecido que o Estado colombiano tem a faca e o queijo na mão.


Tanta brasa ardente queima


O comunicado das Farc-EP demonstra o conhecimento do momento político colombiano; deu-se no momento em que, sob o rufar dos tambores triunfalistas, pondo água no chopp do Cipayo governante colombiano justamente durante a preparação da ansiada visita ao Presidente Chávez, e em em decorrência do explicável e qualificado comportamento de um governante - uma vez que são governos vizinhos -, mesmo que seja um sátrapa, ilegítimo e manchado com sangue popular, obrigados a lidar com os acordos entre as nações, enquanto a crescente maturidade de suas responsabilidades lhes chamem a responder por seus crimes.


Não é relevante deter-se nos motivos que levaram o governo bolivariano à restaurar as relações com o governo vizinho, encabeçado pelo narco-para-presidente . Eles têm a responsabilidade da condução da revolução bolivariana. O ritmo da revolução colombiana deve continuar.Que novamente o mundo compreenda que, diante da ditadura hegemônica da direita terrorista de Estado na Colômbia, o único interlocutor internacional válido é a Insurgência.


Os quadros da oposição política colombiana hão de resguardar-se como a menina dos olhos ante a intensidade da guerra que a cada dia toma mais força na Colômbia. É impossível ocultar o recrudescimento em todos os níveis dos assassinatos seletivos registrados no país da insegurança. Alarma o assassinato seletivo de membros do magistério colombiano filiados ao sindicato de educadores no norte de Santander.Enquanto isso investe-se com sanha encarniçada contra o responsável setor social a serviço das causas populares.


É impressionante a quantidade de ações sanguinárias organizadas pelas forças oligárquicas do Estado colombiano. Continua sendo o alvo de suas ações contra-insurgentes todo o povo indígena e camponês. Por isso a denúncia pública não deve parar e a imperiosa busca da solução política não pode descansar.


A ação contra-insurgente da lúmpen-burguesia


O messias salvador dos interesses oligárquicos e do Império na Colômbia se vangloria do crescimento econômico resultado do investimento de capital privado. É óbvio que nenhum Prêmio Nobel de Economia jamais se aprofundou nos subterrâneos da economia colombiana.Sempre passou despercebida a loteria de milhões repartidos ou oferecidos - com filas longas de incautos recebendo astronômicos interesses - à “ciência e paciência” de todos para a legalização da lavagem de ativos - ou que “carros fantasmas” lancem ao ar bilhões de pesos em momentos da debandada dos chefes narcotraficantes paramilitares, dada a lógica de que “é melhor mostrá-los; que ocultá-los…”. Não existe empresário nem investidor de qualquer índole na Colômbia que não tenha sido tocado por esses “capitais sujos”.


Nisso se fundamenta o império mafioso da elite feudal do narcotráfico paramilitar na Colômbia.E tem mais: eles gostam de ser chamados de oligarcas de província ou locais! Esses adjetivos têm muito peso na sua reputação. A desmedida onda privatizadora mantida pela força hegemônica da direita terrorista na Colômbia está fundada em “capitais de lixo”. Diferente do chamado capital andorinha, esse tem permanência, mas está preso a um presente sem futuro. Talvez até o capital financeiro especulador se permite receber alguns de seus afagos.Não.O caminho de guerra prolongada da revolução colombiana tem assimilado grande parte dos gastos. Sabem do desenlace que virá; mas acreditam que não será algo apocalíptico, que não deixe pedra sobre pedra.


Buscam ajustar-se à concepção de que os revolucionários de esquerda compartilham da saída negociada ao conflito bélico: ora, nisso é preciso ser claros! É por isso que afirmamos que os interesses oligárquicos e do Império só contam com o presente. O futuro é nosso e me detenho nisto para explicar o alvoroço causado peloo conteúdo da última mensagem do Secretariado das Farc-EP, que indiscutivelmente convencerá a opinião popular colombiana de que o futuro nos pertence!Portanto, à aplicação da apátrida e absurda extradição de colombianos, como instrumento político contra-insurgente utilizado pelo Miniführer, acrescenta-se uma calculada dança de milhões de dólares lavados de ativos como recompensas, o que é feito sem qualquer escrúpulo.


Tudo isso é muito próprio da mentalidade lúmpen-burguesa (a fotografia do general do exército colombiano entregando o feixe de notas ao sapo encapuchado reflete muito bem a sua ânsia em obtê-lo, gastá-lo, circulou o mundo inteiro com uma infinidade de piadas interessantes).Essa mensagem pedagógica, educativa, volta a repetir-se no desenlace – não da fuga, evidentemente – da ex-refém Ingrid Betancourt ao lado de tropas das Forças Armadas e a frustrante saída, com impunidade coroada, de três agentes da CIA.


Uma ideologia mafiosa e de aquisição de dinheiro fácil, como a do governante colombiano, é a principal arma usada para fazer fraquejar o sujeito humano que já vive em situação moral degradante. É o dinheiro que toca esse tipo de consciência alienada. Patrocinando a aleivosia e o engano, o negócio da guerra continua enriquecendo ao Generalato colombiano.No Brasil, o fatídico ex-general Álvaro Valencia Tovar, falando em nome do Generalato da Colômbia, reafirmou, na condição de assessor ativo em inteligência de seus pupilos Comandantes do Exército e das Forças Armadas na Colômbia, que o Secretariado das Farc-EP estava sendo monitorado.


Agora voltou a mentir sobre a interceptação das comunicações diretas do Secretariado, outra falsa pista do exército genocida colombiano. Isso deixa claro que a casta do Generalato e todos os colaboradores do exército colombiano estão em atividade no palco da guerra civil colombiana, em estreita colaboração com a CIA e dando suporte à permanência de mais de três mil soldados norte-americanos em território colombiano.


Os sinos tocaram no 20 de julhoNovamente os meios de alienação em massa, nacionais e internacionais, tocam seus sinos para legitimar o governo ilegítimo e narco-para-terrorista colombiano. A jornada “contra o seqüestro” se transformou em outra oportunidade perdida para a consecução da saída efetiva do conflito. Será mais uma jornada de ódio e frustração dos colombianos. Exigir unilateralmente a liberação do prisioneiros de guerra, como a Insurgência qualifica os retidos nas selvas colombianas, é próprio de desequilibrados.


Esquecer a tragédia da família colombiana com presos nos dois lados só beneficia a continuação da guerra. Tanto os presos políticos e guerrilheiros como os prisioneiros de guerra nas selvas colombianas pagam por uma mesma condição: perderam a sua liberdade!É impositiva a necessidade de manifestações na Colômbia e no Mundo pelo Acordo Humanitário. Enquanto isso não ocorre, me dói enviar um artigo narrando a provável tragédia que se avizinha, de fazerem-se mais presos políticos abarrotarem as prisões do Estado Terrorista colombiano e mais prisioneiros de guerra passarem penúrias nas selvas colombianas.


Fonte: Agência de Notícias Nova Colômbia - Brasil.
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Luz vermelha no Brasil


Uma luz vermelha se acendeu em todos os setores democráticos com a publicação da ata de uma reunião do Conselho Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul, dedicada à análise da situação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O motivo do alerta são as propostas aprovadas unanimemente pelos conselheiros: a primeira foi designar uma equipe de promotores para promover ação civil pública visando a dissolução do MST e a declará-lo ilegal.
A essa medida draconiana seguem-se outras: suspender deslocamentos em massa de trabalhadores sem terra; impedir a presença de crianças e adolescentes em marchas e acampamentos; investigar acampados e dirigentes do movimento por crime organizado e uso de verbas públicas; verificar ocorrência de desequilíbrio eleitoral nos locais de acampamentos e assentamentos, promovendo, em caso positivo, o cancelamento dos eleitores; intervir em três escolas mantidas pelo MST; verificar se há paridade entre assentamentos e empresas rurais na avaliação do Incra a respeito do cumprimento da função social da propriedade e da produtividade dos imóveis; desativar acampamentos próximos à fazenda Coqueiros.
A simples leitura dessa "Blitzkrieg" de medidas inibidoras da ação dos sem terra deixa perplexos os que se habituaram a ver no Ministério Público uma instituição formada por profissionais do mais alto nível, pois, além de evidentes inconstitucionalidades, o texto está vazado em linguagem imprecisa e, em alguns casos, evidentemente emprestada dos manifestos das organizações ruralistas mais reacionárias.
Isso ocorre no momento em que os cultores do Estado democrático de Direito estão preocupados com o ciclo de restrição das garantias e liberdades individuais e coletivas que surgiu com a desvairada reação norte-americana aos atentados do 11 de Setembro. Essa onda reacionária, que já se manifestou igualmente na França, na Itália e em outros países, parece estar chegando ao Brasil e precisa ser energicamente repelida.
Não será difícil para os advogados do MST barrar na esfera judicial as medidas propostas na infeliz reunião do Ministério Publico gaúcho. Por isso, não há necessidade de refutá-las uma a uma. O que, sim, demanda consideração pelas pessoas de formação democrática é o grave dano que a injustificada atitude de um braço estadual causa ao Ministério Público de todo o país.
Os constituintes de 1988, com plena consciência do passo que estavam dando, talharam de forma inovadora o capítulo do Ministério Público na Constituição Federal. Tratava-se de dotar o Estado brasileiro de uma instituição com poderes adequados à fiscalização e à promoção do cumprimento da lei.
Por isso, além das tradicionais atribuições relativas à perseguição criminal, o Ministério Público adquiriu poder para, na defesa de interesses coletivos ou difusos, acionar a Justiça contra pessoas jurídicas de direito privado, órgãos da administração pública e até Poderes do Estado.
A magnitude desse avanço na concepção do Estado democrático de Direito pode ser medida pela confiança que as organizações populares, as igrejas, os sindicatos, os partidos e os grupos de cidadãos, em todos os cantos do país, passaram a depositar nos promotores de Justiça.
Esse conceito tem um preço: imparcialidade, coragem, sintonia total com o texto e o espírito da Constituição. Explicam-se, pois, as manifestações de perplexidade e de indignação de entidades da sociedade civil e, inclusive, de associações de promotores de Justiça de várias partes do país diante do tom raivoso e sectário do Ministério Público gaúcho.
A proposta de jogar o MST na ilegalidade é insensata e revela crasso desconhecimento do papel que esse movimento desempenha no grave conflito agrário do país. Como a burguesia brasileira imagina que possa sobreviver uma população de milhões de pessoas sem terra para produzir o seu sustento, sem emprego no campo, sem emprego na cidade e sem reforma agrária?
Ao organizar a pressão dessa população, o MST lhes oferece a esperança que mantém a disputa dentro de parâmetros compatíveis com a vida democrática. Exagerar a gravidade dos atos de desobediência civil que o movimento promove para sensibilizar a opinião pública é estratégia dos grandes proprietários. Não tem o menor cabimento que um órgão do Estado a encampe.
As pessoas que têm elevada consideração pelo Ministério Público esperam uma reação enérgica dos membros da corporação contra o que constitui, sob qualquer ângulo de análise, uma deturpação das atribuições que a Constituição conferiu à instituição.
fonte: resistir.info
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terça-feira, 22 de julho de 2008

Os professores agora têm piso


Finalmente, os professores da rede pública terão um salário mínimo nacional específico para a categoria. De acordo com o projeto de lei sancionado pelo presidente Lula na quarta-feira 16, até 2010 nenhum professor receberá menos de 950 reais para uma jornada de 40 horas semanais. A lei também prevê que um terço da carga horária docente seja destinado às atividades extraclasse, como planejamento, preparação de aulas e correção de provas.
Haverá a necessidade de ampliar o quadro de professores em cerca de 20%, segundo estimativas do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). A lei previa o aumento a partir deste ano, mas sofreu veto presidencial em razão da proibição de aumento salarial do funcionalismo em ano de eleições. Mas, a partir de 2009, todos os estados e municípios deverão arcar com, no mínimo, dois terços da diferença entre o atual salário de seus professores e o piso. A União será responsável por fechar a conta.
O projeto aprovado foi encaminhado à Câmara dos Deputados pelo então ministro da Educação, Cristovam Buarque. Previa duas faixas de remuneração, mas recebeu emenda do deputado federal Severiano Alves (PDT-BA), que retomou a promessa feita por Itamar Franco, em 1996, de criar um piso único para qualquer profissional de educação na rede pública.
Segundo estimativas da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), cerca de 1,5 milhão de professores, 60% do total, serão beneficiados com a nova lei, que não exige dedicação exclusiva dos docentes à rede pública ou a uma única escola.
Fora um curto período entre 1827 e 1834, nunca houve um salário nacional para professores, lembra o educador Carlos Jamil Cury, da PUC-MG. Ele destaca como ponto importante da lei a obrigatoriedade de estados e municípios criarem planos de carreira para o magistério. “Um piso sem plano é manco, e aproximadamente mil municípios terão de criá-los até 2009”, prevê.

Fonte: Carta Capital.
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segunda-feira, 21 de julho de 2008

A matar pelo bem do Brasil


Em "Tropa de Elite", o singular não é o filme em si, mas o estrondoso sucesso antes mesmo do seu lançamento. Como película, a obra de José Padilha repete em geral as receitas inovadoras de "Cidade de Deus", sem o brilho do célebre longa-metragem de Fernando Meirelles: a criminalidade urbana como tema; o narrador como condutor da trama; os quadros dinâmicos em uma sucessão de clips. Uma espécie de plágio doce devido parcialmente ao fato de Bráulio Mantovani assinar os roteiros das duas películas.
Na essência, os filmes são opostos. Em "Cidade de Deus", através da história da comunidade homônima, Fernando Meirelles relata a construção social do criminoso, para propor superação individual pela arte e pelo trabalho (fotografia) do destino do jovem favelado ao crime. Mantendo-se nos marcos da leitura da favela pela cidade, a câmara de Meirelles procura dar a voz aos protagonistas. No fundo, é leitura social otimista, ainda que ingênua.
Não há meias cores em "Tropa de Elite", apesar do sinistro claro-escuro em que o filme se move. Os protagonistas e antagonistas são feitos de uma só peça: corruptos ou honestos às vísceras. Os únicos heróis são os policiais do BOPE, a sinistra tropa de elite carioca que, no filme, tortura, mata e morre em desesperada e incompreendida última defesa da civilização contra a barbárie, da cidade contra o morro. Ao iniciar a película, o narrador traça o quadro geral maniqueísta: "Se o Rio dependesse só da polícia tradicional, os traficantes já teriam tomado a cidade [...]".
"Tropa de Elite" não cria muito. Limita-se a encenar sentimentos que ultrapassam os limites das classes altas e médias endinheiradas: a certeza de que a única solução para o crime, corporificação da maldade absoluta, é a mão-de-ferro da repressão sem piedade. Proposta com a qual a mídia martela uma imensa parcela da população que materializa, no sentimento de insegurança, o stress permanente produzido pelas incertezas e insatisfações da vida quotidiana.
O que não significa que o filme não possua soluções imaginosas, como a inversão da ordem normal dos fatores sociais, ao apresentar a execução do horrível traficante "Baiano", branco, pelo honestíssimo Matias, policial e acadêmico de Direito, negro. Ou a melodramática superposição de papéis de Nascimento, o capitão do BOPE, organizador dos assassinatos e homem sensível à espera do primeiro filho, símbolo da inocência do mundo que defende, à custa de permanente descida ao inferno.
O deputado quer apenas saber o "quanto" vai ganhar, ao se associar a policiais que chafurdam no crime. Os estudantes discutem as causas e as soluções da marginalização social mas, no frigir dos ovos, são drogados hipócritas, traficantes e queridinhos de criminosos. Nesse mundo em degringolada, o único remédio forte é a morte e a tortura ministradas profissionalmente por policiais incorruptíveis, que entregam a vida se necessário no cumprimento de suas missões. Tudo pelo bem do Brasil.
José Padilha apenas dramatiza a apologia das execuções de populares pelas forças policiais, sob as ordens e cumplicidade das autoridades e os aplausos dos meios de comunicação. "Carandiru", de Hector Babenco, denunciou sem maior sucesso o mega-massacre da polícia militar paulista. Invertendo o sinal, "Tropa de Elite" glamouriza mortandades como as do Complexo do Alemão, em junho de 2007.
Através da escusa da encenação do real, "Tropa de Elite" radicaliza as propostas de "Tolerância Zero" com a criminalidade, apresentadas incessantemente pela cinematografia estadunidenses de segunda linha. Sem pruridos, extrema insinuações de séries como "Lei & Ordem" sobre a legitimidade da execução e da tortura na obtenção de resultados louváveis: a eliminação do terrorista, a morte do traficante, a prisão do pedófilo.
Em fins dos anos 1980, o sucesso da subliteratura de tema esotérico de Paulo Coelho registrou a crise geral da confiança nas soluções sociais racionalistas, devido à vitória mundial da maré neoliberal. No mundo fantástico do segundo governo Lula da Silva, enquanto cresce a dilaceração dos laços sociais e nacionais, os ricos tornam-se mais ricos e as classes médias viajam ao exterior despreocupadas com a inevitável ressaca do dia seguinte do real-maravilha.
O sucesso de "Tropa de Elite" registra o conservadorismo crescente da população nacional, na esteira da fragilização do mundo do trabalho e mergulho geral das lideranças populares tradicionais na corrupção. É enorme vitória dos poderosos que policiais fardados de preto encarnem a solução da insegurança nacional, distribuindo a morte entre os pobres, sob a bandeira da caveira sorridente. "Tropa de elite, osso duro de roer, pega um, pega geral, também vai pegar você!". E, se não te cuidares, meu chapa, vai te pegar, mesmo!

Fonte: resistir.info
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domingo, 20 de julho de 2008

"DEIXE O PETRÓLEO ANTES QUE ELE NOS DEIXE"


O director da Agência Internacional de Energia (AIE) da OCDE, Fatih Birol, declarou que "O mundo pode ficar desprovido de petróleo mais rapidamente do que o esperado – o perigo de uma escassez de oferta está a aumentar", afirmou.
O director da AIE considerou que neste momento estão a faltar 12,5 milhões de barris por dia, cerca de 15% da procura global de petróleo. "Este fosso significa que poderíamos enfrentar uma escassez de oferta e preços muito altos durante os próximos anos", explicou. A edição do World Energy Outlook, publicada em Novembro de 2007, prevê que o declínio rápido da produção de petróleo será a taxas entre 3,7 e 4,2 por cento ao ano.

FONTE: resistir.info
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Comunicado das FARC-EP


1. A fuga dos 15 prisioneiros de guerra, na quarta-feira 2 de Julho, foi consequência direta da despreciável conduta de Cesar e Enrique, que traíram seu compromisso revolucionário e a confiança que neles foi depositada.
2. Independente de um episódio como o sucedido, indepedente de qualquer confrontação política e militar onde se apresentam vitórias e derrotas, manteremos vigente nossa política de concretizar acordos humanitários que logrem em intercâmbio e proteção para população civil dos efeitos do conflito. Se persistir o resgate como única via, o governo deve assumir todas as consequências de sua temerária e aventureira decisão.
3. A luta por libertar os nossos demais combatentes políticos presos sempre estará na ordem do dia entre o conjunto das unidades "farianas", especialmente em sua direção. Todos eles nós levamos na mente e no coração.
4. O caminho por chegar às transformações revolucionárias, em nenhuma parte do mundo e em nenhum momento da história tem sido fácil, pelo contrário, e por isso nosso compromisso cresce diante de cada novo obstáculo.
5. A paz que requer a Colômbia deve ser resultado de acordos que beneficiem as maiorias, e não vai a ser a paz dos sepulcros sustentada sobre a corrupção, o terror de Estado, a felonia e a traição. As causas pelas quais lutam as FARC-EP seguem vivas, o presente é de luta e o futuro é nosso.
Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 5 de julho de 2008
Tradução do texto original em espanhol: Blog da Reg
Fonte: frentean.col.nu
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sábado, 19 de julho de 2008

O império do Consumo: 04




Vence o lixo fantasiado de comida: essa indústria está conquistando os paladares do mundo e está demolindo as tradições da cozinha local. Os costumes do bom comer, que vêm de longe, contam, em alguns países, milhares de anos de refinamento e diversidade e constituem um patrimônio coletivo que, de algum modo, está nos fogões de todos e não apenas na mesa dos ricos. Essas tradições, esses sinais de identidade cultural, essas festas da vida, estão sendo esmagadas, de modo fulminante, pela imposição do saber químico e único: a globalização do hambúrguer, a ditadura do fast food. A plastificação da comida em escala mundial, obra do McDonald´s, do Burger King e de outras fábricas, viola com sucesso o direito à autodeterminação da cozinha: direito sagrado, porque na boca a alma tem uma das suas portas.
A Copa do Mundo de futebol de 1998 confirmou para nós, entre outras coisas, que o cartão MasterCard tonifica os músculos, que a Coca-Cola proporciona eterna juventude e que o cardápio do McDonald´s não pode faltar na barriga de um bom atleta. O imenso exército do McDonald´s dispara hambúrgueres nas bocas das crianças e dos adultos no planeta inteiro. O duplo arco dessa M serviu como estandarte, durante a recente conquista dos países do Leste Europeu.
As filas na frente do McDonald´s de Moscou, inaugurado em 1990 com bandas e fanfarras, simbolizaram a vitória do Ocidente com tanta eloqüência quanto a queda do Muro de Berlim. Um sinal dos tempos: essa empresa, que encarna as virtudes do mundo livre, nega aos seus empregados a liberdade de filiar-se a qualquer sindicato. O McDonald´s viola, assim, um direito legalmente consagrado nos muitos países onde opera. Em 1997, alguns trabalhadores, membros disso que a empresa chama de Macfamília, tentaram sindicalizar-se em um restaurante de Montreal, no Canadá: o restaurante fechou. Mas, em 98, outros empregados do McDonald´s, em uma pequena cidade próxima a Vancouver, conseguiram essa conquista, digna do Guinness.
As massas consumidoras recebem ordens em um idioma universal: a publicidade conseguiu aquilo que o esperanto quis e não pôde.

Eduardo Galeano (escritor e jornalista uruguaio)
Pesquisado por Thiago Teixeira(amigo da REG)
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